Professor Astromar ainda vive

Professor Astromar intrometia-se em assuntos que não dominava. E escondia sua ignorância mediante palavras rebuscadas, arcaicas, incompreensíveis


Novos Astromares não param de surgir

Professor Astromar, personagem de Roque Santeiro*, era aclamado como um homem erudito. Orador oficial da cidade de Asa Branca, ele sempre proferia discursos repletos de palavras inacessíveis aos cidadãos comuns, embora estes o ovacionassem. 

Essa “subserviência linguística” justificava-se pelo fato de Astromar ser um educador viajado e influente entre os políticos da região. Nem eles, porém, conseguiam entender as palavras sem sentido pronunciadas pelo seu guru (apesar de, em tese, falarem a mesma língua de Astromar).  Talvez tenham sido constantemente xingados, quando acreditavam ter recebido sorridentes homenagens.

Tal fenômeno transcende a ficção e o tempo. Professores Astromares continuam vivos em muitas figuras da contemporaneidade, transitando em diversas áreas do conhecimento. Falam, falam, falam e nada dizem. O uso de argumentos vazios, expressos em vocábulos arcaicos, demonstram seu desconhecimento da Língua Portuguesa e do que eles se propõem julgar. 

Em O Crime do Professor de Português, apresentei um aspirante a Astromar. Pelo menos, o professor que cometeu “o crime” sabia usar a Gramática corretamente. (Texto de Valdeir Almeida. Respeite os Direitos Autorais).


* Novela exibida pela Rede Globo em 1985. O personagem verborrágico era interpretado pelo ator Rui Rezende.

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