O Prato de Dolores


Apesar de educada, Dolores enche o prato até a borda sempre que vai a um restaurante. Mas ela só faz isso quando está entre amigos ou familiares.

E a alma dessa distinta senhora é tão pesada como costuma ser seu prato. Isso mesmo, sua alma é demasiadamente carregada a ponto de transbordar e encher de mal-estar todo o ambiente. Por esse motivo, a presença de Dolores é dolorosa.

Mas Dolores não dá importância para isso. Seu único foco é fazer do prato dela o mais cheio possível, assim como ela faz com sua vida cotidiana: enche-se de atividades “calóricas”, mas desprovidas de “proteínas”, só para transmitir a falsa impressão de ser melhor que os outros. Ela, porém, esquece que alimentos ingeridos com muita gordura e nenhum nutriente causam um reboliço no intestino e saem dolorosamente.

13 comentários:

  1. Parabéns,gostei muito.Simbólico,conciso,com todas as características da boa prosa.Aguardamos mais contos.Grande abraço.

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  2. gostei do seu blog :D
    estou te seguindo

    http://blogmultitematico.blogspot.com/

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  3. Causam reboliço no intestino e saem dolorosamente..! eu ri

    Abraços

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  4. Você como sempre...show.

    Adorei o texto, viu.


    abraços


    Hugo

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  5. ¿¿ alguém mais teve dó dela??
    Bem legal o texto!!! =D

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  6. Mais um seguidor!

    Seu blog resume a poesia, o cotidiano, as pequenas coisas da vida! E isso atrai!

    voltarei, sempre, sempre.

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  7. Texto muito bacana. Fala de uma forma indireta do cotidiano da nossa sociedade que procura sempre se iludir com mentiras inventadas por ela mesma. Adorei essa forma de critica.
    Aah! Obrigado pelo elogio ao meu blog, é uma honra pra mim receber um elogia daqueles, saiba que tbm, estou te seguindo, ok?!

    Abraços!
    =)

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  8. ola Valdeir!!!

    é que a morte para a maioria das famílias era uma celebração principalmente na infância. era a certeza de que o filho irá interceder no céu pela saúde e proteção aos pais na terra. por isso a alegria, o cortejo, os enfeites, as vezes o ouro e o luxo dos enlutados mesmo entre africanos e escravos.

    abraços!!!

    apareça sempre!!

    leandro.

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  9. Leandro,

    Obrigado por comentar, embora você, na verdade, não tenha feito um comentário sobre meu texto, mas sobre a opinião que dei a um texto seu.

    Bom dia.

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  10. É um jeito muito comum este de preencher o vazio existencial, seja com comida, bebida ou qualquer outro paliativo.
    Muito bom o texto!

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  11. Valdeir você tem textos analíticos perfeitos!!! parabens!!!!

    abraços!!

    leandro.

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  12. Adorei o conto! E nem te "conto" que conheço várias Dolores mundo afora? É triste saber que se multiplicam ano após ano e nem se dão conta do mal que causam a si e aos que as cercam?
    Bela reflexão acerca de algo que ouvi: "somos o que comemos". O pecado da gula e outros pecados aparecem bem contornados, além da boa escolha da personagem e seu nome. Fabuloso! Bjins e até!

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