Um ato de escrever

Ontem, a tristeza apareceu sem mandar aviso. Inicialmente, lutei contra ela. Como não consegui vencê-la, juntei-me à inimiga. Passei a explorar cada pedacinho dela, enquanto eu ia registrando minhas descobertas no papel.

A tristeza chegou ao ponto de não mais suportar tanta dor. Por isso, ela quis ir embora, mas não admitindo que estivesse fugindo. Só a deixei sair, quando eu já a havia explorado por completo.

Depois desse episódio, alguém me chamou de masoquista. Me defendi: “Masoquista é a tristeza se ela pretender voltar”. Hoje, porém, afirmo que sou masoquista, sim, mas só quando a torturadora é a alegria.

A alegria pode fazer de mim gato e sapato; não me importo. Também gosto de explorá-la, assim como qualquer sentimento. Quando faço esse tipo de exploração, me sinto ainda mais humano, porque a essência do ser é experimentar sentimentos, embora nem todos os sentimentos nos sejam bem-vindos.

10 comentários:

  1. Vim agradecer seu comentário e dizer que gostei muito do teu texto! Acho até que me identifiquei com ele... Muito bom!

    Um beijo, que você tenha uma ótima semana e que seja sempre bem-vindo!

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  2. Du,

    Eu vi o comentário que você vez a meu respeito lá no blog do Vidal. Fiquei lisonjeado. Ainda bem que você conseguiu comentar aqui no meu blog.

    Então, vou reproduzi o que você disse lá no blog do nosso amigo:

    "Não é questão de ser masoquista! Eu entendo que devemos exorcizar nossos demônios e para isto, para enxotá-los de vez, precisamos conhecê-los.

    Sobre o ato de escrever e o processo de criar, me lembrei da escultora Louise Bourgeois. Ela afirmou uma vez "uma vez que a dor se instala em nós, não mais é possível libertarmo-nos dela".

    Diante disto, ela encontrou veículo para a formalização desta dor, dando forma aos demônios e arrancando-os do conforto da carne.

    Diz que ao expô-los ao mundo, os demônios se sentiriam envergonhados e silenciariam. A arte surgiria deste processo doloroso de exorcizar os demônios e a dor seria comparada a de um parto. Assim deve ser a escrita; sentida, analisada, elaborada, colocada pra fora, revisada, reescrita, pensada, reanalisada e compartilhada de preferência. Luma 12 de Julho de 2009 12:41".

    Du. Nem sei o que dizer apenas lhe agradecer: obrigado.

    Beijos!

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  3. Experimentar sentimentos... Isso faz tanta diferença para TANTAS situações, né?

    É isso aí, no fim este estado masoquista acaba servindo para alguma coisa também... Sentimentos não podem ser limitados, e escrever sobre eles é uma forma de explorá-los ainda mais.

    Muito bom este texto.
    Um abraço.
    Marcelo.

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  4. Marcelo,

    É isso.

    Dizem que escritores (e artistas em geral) são sensíveis. De certa forma, o senso comum está certo, mas quem escreve tem a tendência de ter os sentimentos à flor da pele.

    Abraços.

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  5. explorar a tristeza é ser amigo de sua inimiga e esse é o jeito mais fácil de vencê-la.

    mas a tristeza faz bem tbm. nos faz crescer!

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  6. respondendo ao comment: obrigado =]
    fico feliz que você goste dos meus textos =]

    nem sei de onde vem a inspiração.
    gosto de observar pessoas dentro de onibus ou de imaginar situações nos detalhes invisiveis que ninguém nota. sei lá.

    esse ultimo texto que postei, sentei na frente do pc e comecei a digitar direto e postei.


    tenho que escrever mais. to meio paradãoo.

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  7. Ricardo,

    É isso mesmo. Eis aí uma situação em que cabe o ditado "não consegue vencer o inimigo, junte-se a ele".

    Quanto ao seu texto, falei com sinceridade. A blogosfera é um grande revelador de talentos. Você é um exemplo disso.

    Abraços.

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  8. uma verdade que vc expressou nesse texto...mas, quero tbm dizer que temos nossos momentos de tristeza sim...porém, temos que ter a consciência de que não podemos permanecer no mesmo sentimento.
    A trsiteza, deve ser o momento de pararmos para pensar o que esta de errado...

    fica na paz de Jesus, que Ele te inspire a escrever sempre lindos textos!

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  9. Sim, inclusive já vi uma palestra, na faculdade, em que o palestrante dizia que o professor as vezes tem que enturmar com "o grupo", com a gangue, pra conseguir melhores resultados. É duro, mas é verdade. Pra que lutar CONTRA? Quem sabe estando COM, consegue construir passos para um melhor caminho.

    Lena

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  10. É isso mesmo Valdeir, tem certos sentimentos que nos limitam muito.
    Como o ódio e no meu caso, a tristeza.
    Queria ser vítima da alegria.
    Grande abraço.
    Muito lindo seu texto!!!

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