Horário Eleitoral – Meu programa de humor favorito

O Horário Eleitoral Gratuito terminou ontem. Como de costume, o índice de televisores ligados durante o programa foi muito baixo (segundo o IBOPE). Confesso que um desses televisores era o meu.

Eu gostava de assistir àquele show de humor: candidatos a prefeito utilizando uma linguagem arcaica, como se isso os tornasse pessoas inteligentes e capazes de comandar a cidade. Na verdade, tal atitude os transformava em motivos de risos, pois eles “falavam, falavam e não diziam nada” (síndrome do professor Astromar)*. Monologavam num espaço destinado a apresentação de propostas claras ao telespectador.

Mas os melhores comediantes do programa foram os candidatos a vereador. Muitos deles, ao lerem o discurso diante das câmeras, faziam tanta força que pareciam estar sobre o vaso sanitário. Além disso, “liam com a cabeça”, movimentando-a de um lado a outro como se estivessem assistindo a uma partida de tênis.

Além de um ótimo desempenho em cena, os humoristas-candidatos também se destacaram pelo nome com o qual se apresentaram. Apesar de engraçado, esse fato nos leva a reflexão de que é inadmissível um candidato a cargo público manter o apelido ridículo que adquiriu numa mesa de bar ou num babinha** com os amigos. Muitos desses apelidos são tão vulgares que se fossem apresentados num programa comum de TV, teriam problemas com a indicação do horário e da faixa etária.

Sentirei falta do Horário Eleitoral Gratuito. Agora, só me resta aguardar as próximas eleições para ver mais humoristas em cena. Mas espero que esses candidatos fiquem apenas na TV. Não quero que a prefeitura e a câmara de vereadores se transformem num palco de humor negro.


* Astromar é o lendário personagem da novela Roque Santeiro (Globo, 1985). O professor costumava reunir muitas pessoas para ouvirem seu discurso. Mas, apesar dos aplausos calorosos, ninguém conseguia entender o que ele falava. A figura do professor Astromar acabou se transformando em sinônimo de pessoas prolixas e que não conseguem estabelecer a comunicação com seus interlocutores.

** Na Bahia, a prática de jogar futebol com os amigos é chamado de “bater baba”. É o que no Sudeste chamam de “jogar pelada”.

Um comentário:

  1. É mesmo uma dureza aturar o horário gratuito.

    E olha que eu gosto muito de política, mas os candidatos a vereador forçam muito a barra.

    Eu acho que a TV deveria exibir apenas propaganda eleitoral para cargos majoritários (prefeito, governador, presidente), e deveriam ser feitas exigências que restringissem o número de candidatos e aumentassem o tempo de TV de cada um...

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