Olhar de Peixe Vivo


Um pequeno peixe chegou à lagoa. O que ele não tinha em tamanho, sobrava em simpatia. Foi por isso que conquistou a amizade de todos os moradores.

Mas havia um peixe muito grande – meio escondido atrás de uma pedra – que não queria saber da festa. Permaneceu quase o tempo todo imóvel e olhando de banda.

O peixinho perguntou aos novos amigos qual a razão daquele grandão não se misturar com a turma. Todos se calaram e fizeram cara feia.

Entretanto, o novo morador, que não deixava nenhuma amizade passar, foi lá conhecer o peixão. Mas este imediatamente recuou e abaixou a cabeça.

Mesmo assim, o peixinho se aproximou, apresentou-se e disse que os dois poderiam ser grandes amigos. O grandão deu um leve sorriso, mas ainda continuava arredio. Só saiu definitivamente detrás da pedra, depois que o pequeno peixe lhe fez muitas palhaçadas.

Naquele momento, o novo morador percebeu o motivo do acanhamento do peixe carrancudo: ele tinha apenas um olho:

– Você vai fazer como os outros, né? – indagou o peixão – É sempre assim, quando descobrem que sou desse jeito, todos se afastam de mim.

– Para mim não muda nada, meu amigo – respondeu o peixinho. Os vizinhos que lhe ignoram têm os olhos saudáveis, mas veem problema em tudo. As vistas deles são embaçadas pelo preconceito e pela falta de amor. E você tem apenas um olho, mas um coração muito grande e uma alma generosa. Eles não sabem o que estão perdendo sem sua companhia.

Pela primeira vez, aquele peixão chorou. As lágrimas de emoção se misturaram com as águas da lagoa. Águas que testemunharam o surgimento de uma amizade sem barreiras.


Produzi este conto em homenagem a meu sobrinho Filipe: desbravador de corações, conquistador de novas amizades.

Imagem: Stock photo

19 comentários:

  1. Caraca mano...
    você é demais!
    Preconceitos hoje em dia ainda existem, por mais que tentemos removê-lo do nosso meio, ele sempre existirá!

    ResponderExcluir
  2. Lindooooooooooooo.

    Te desejo um bom domingo,


    abraços


    Hugo de Oliveira

    ResponderExcluir
  3. Olá Valdeir,

    Saudades de vc, como tem percebido não tenho tido muito tempo para blogar e tive alguns problemas técnicos mas, seguindo as dicas dos amigos com o firefox acho que agora melhora mesmo, nem toda semana consigo passar pela blogosfera.
    Achei seu blog lindo, tá diferente desde a última vez que o vi, adorei.
    E o texto é magnífico, dá para usar na escola com as crianças ou ler para filhos e sobrinhos e nem precisa de explicação o texto com linguagem simples e direta fala por si.
    Parabéns adorei!
    beijos

    ResponderExcluir
  4. Pessoas com esse olhar são comuns às vezes!!!
    Basta procurar!!! Post MASSA!!!
    Coloqui você na BlogList...
    Sem problemas né?

    ResponderExcluir
  5. Valdeir,

    Uma grande liçao contada em forma de fábula,o que faz com que nós leitores façamos uma viagem, quem nao gosta de fábula?

    Que tenhamos um coraçao puro, como queria o Cristo. Nos esforcemos por isso.

    Grande abraço.
    Inté!

    ResponderExcluir
  6. Rafael e HSLO,
    Muito obrigado por ter gostado. Também acho que qualquer espécie de preconceito é repugnante. Abraços.

    Cristiane,
    Foi pura inspiração. Olha, sempre visito seu blog, não se preocupe não, ok? Você deve ter tido problema com o Explorer, não foi? Eu também tive. Agora, uso muito mais o Mozilla. Obrigado por ter gostado do novo visual do meu blog. Beijos

    Éverton,meu grande amigo,
    Jesus é o maior exemplo de pureza e a amor a seguir. Obrigado pelo comentário. Abraços.

    ResponderExcluir
  7. Atreyu,

    Nem precisava dizer. Para mim, é uma honra ter meu blog na sua bloglist. Abraços e uma ótima semana para você.

    ResponderExcluir
  8. Em relação ao preconceito fico com o que disse o Rafael. Eu mesmo já fiz posts relatando como é ruim o preconceito nas pessoas. A fábula é interessante.

    Valdeir, entendo sua posição quanto à política brasileira, tá! Fique a vontade para não comentar no meu blog se quiser (apenas não deixe de passar lá ok!). Compreendo que este é um assunto chato e maçante mas nem sempre falo sobre isso no blog.

    Te aguardo mais vezes por lá.
    Obrigado e um grande abraço.

    ResponderExcluir
  9. Neto,

    Quando escrevi meu mais recente comentário em seu blog, eu estava concordando com você. O que fiz, foi acrescentar minha opinião em relação à política brasileira.

    Isso não significa que eu não me interesse por política. Eu tento ser politizado, o que tento não ser é partidário.

    Meu amigo, gosto do seu blog e acho que você deve, sim, continuar a fazer observações sobre o tema "política". Isso demonstra sua visão crítica a respeito das coisas. Por isso, continuarei a fazer comentários no Sakuxeio.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  10. Que lindo! Tão bom começar o dia com um texto tão delicado e carregado de lições positivas!
    Obrigada!!!

    Beijos de bom dia!

    ResponderExcluir
  11. Este conto ficou muito bom. Parabéns. A atitude do peixinho é a que devemos seguir sempre.

    ResponderExcluir
  12. Olá Valdeir. adorei a história do peixinho! bem melhor sem puxar saco viu do que la fontaine com seu clássico o lobo e o cordeiro. apareça mais vezes. serás sempre bem vindo.

    abraços.

    ResponderExcluir
  13. Du, Catarino e Leando,

    Muito obrigado pelos comentários. [Leandro, agradeço muito a observação que você fez, mas quem sou eu diante do mestre das fábulas? (rs)].

    Abraços.

    ResponderExcluir
  14. Olá Valdeir

    Ótimo texto.
    É difícil encontrar pessoas que enxergam com o coração, principalmente num mundo tão individualista que é o nosso atualmente.
    Mas não é impossível. Acredito nisso.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  15. O que me intriga é o peixão (forte, vistoso) se envergonhar de si mesmo.

    O pacumã, por exemplo... o peixe mais feio que já vi na minha vida (moro na beira do rio São Francisco) é de inigualável no sabor. Mas o Dourado, com sua pompa galantesca, faz mais sucesso que ele. Bom para o Pacumã que não é caçado ferozmente. (Já vi turista dizer que morre, mas não come aquilo! kkkkk) .

    Mas será mesmo que o pacumã se sente menos afortunado? A gente é assim também...

    ResponderExcluir
  16. Valdeir, finalmente consegui escrever sobre o selo que me deu. Peço desculpas pela demora. Agendo alguns posts, mas tenho pouco tempo mesmo (devido a vida offline) para estar entre os blogs amigos como gostaria.

    Abraços e obrigado.

    Link aqui: http://sakuxeio.blogspot.com/2009/08/sopensando-mais-um-blog-coletivo-na.html

    ResponderExcluir
  17. Valdeir,

    Muito obrigado pelos parabéns. Estou planejando mais um ano de blog, bom, já estou no quarto ano né. Depois disso nao sei rs.

    E percebi seu sumiço, hoje quase lhe mandei um email, mas a internet nao colaborou. Eu vou sumir um pouco também agora, amanha minhas aulas recomeçam. E mande notícias amigo!

    Um grande abraço fraterno.
    Inté!

    ResponderExcluir
  18. Gostei desse estória do olhar de peixe vivo :D

    ResponderExcluir