Esporte sustenta o Hino Nacional

O Hino Nacional apresenta vocabulário arcaico e construções sintáticas ultrapassadas, o que dificulta seu entendimento. Surge, então, o questionamento: por qual motivo esse símbolo brasileiro continua vivo?

Os responsáveis por isso são as modalidades esportivas, sobretudo o futebol. Sempre que os atletas brasileiros vencem disputas internacionais, o Hino Nacional é cantado, laureando definitivamente a conquista. Enquanto cantam o hino – em casa ou nos estádios – os torcedores choram emocionados (apesar de poucos conseguirem pronunciar um verso inteiro sem tropeçar nas palavras).

Percebe-se que quando o hino é cantado em eventos não- esportivos, essa emoção não é aflorada. Isso corre porque o esporte, principalmente o futebol, desperta a paixão de ser brasileiro. O Hino Nacional seria o complemento dessa paixão associado ao sentimento de posse. É como se quisesse dizer: “A conquista é minha! Sou brasileiro”.

Mas para que o amor pelo Hino Nacional não se restrinja a campeonatos esportivos, é preciso que sua linguagem seja adequada à atualidade. Lembremos que ele foi escrito em 1909*, conforme a língua padrão da época. Naquele momento, todos entendiam o que estavam cantando – inclusive os não-alfabetizados.

No entanto, resiste-se muito às mudanças no Hino Nacional. Acredita-se que ao fazer simples substituições de palavras ou transformação dos períodos para ordem direta, estaria correndo o risco de alterar entendimentos do enredo histórico de que trata a letra do hino. Outros argumentam que como é um símbolo nacional, o hino brasileiro não poderia passar por modificações.

Ora, os símbolos nacionais são construídos para que seja estabelecido entre eles e o povo um sentimento de patriotismo. E como despertar amor por aquilo que não se compreende? Por isso, não seria conveniente para a Pátria que qualquer brasileiro entoasse o Hino compreensivamente?

Do mesmo modo, é improcedente o argumento de que mudanças no vocabulário do hino brasileiro acarretariam interpretações históricas equivocadas. Na verdade, as más interpretações já estão ocorrendo justamente por manter palavras que, na época da composição do hino, tinham sentido completamente diferente de que tem hoje. É o caso de “deitado”, que, no hino tem acepção de abençoado; mas hoje significa “estirar e inclinar o corpo para descanso”. Por essa razão, o verso “deitado eternamente em berço esplêndido” é sempre evocado quando se quer chamar alguém de preguiçoso.

Não se ama aquilo que não é conhecido. Quando a letra do Hino Nacional for adaptada ao nosso tempo, os brasileiros não vão ter ímpetos de paixão por ela apenas em momentos de grandeza do nosso esporte. Eles irão ter por esse belíssimo símbolo da pátria um amor ininterrupto, porque passarão a compreendê-la.

* A primeira letra do Hino Nacional foi escrita em 1831 por Ovídio Saraiva de Carvalho. Em 1909, ela foi substituída pelo poema de Joaquim Silvério Duque Estrada e permanece até hoje (a melodia é a mesma desde a primeira versão do hino).

4 comentários:

  1. Nosso hino é muito bonito, mas realmente é um tanto difícil de entender.

    Aproveito para agradecer o nosso link em seu blog e vou linkar o seu também.

    Abraços

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  2. oiii!!
    Nosso hino é muito bonito,
    eu não acho que me acostumaria se houvesse alguma mudança no hino.
    Aprendi a cantar muito pequena em me lembro quando.
    Na escola aprendi a interpretar o hino.
    Então ele me vem a cabeça naturalmente.
    Mas seu post foi muito interesante.
    Bjs...byee!!!

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  3. Darcy e Taís,

    Muito obrigado pelos comentários. Eles são valiosos para mim.

    Abraços.

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  4. Acho bobagem isso Valdeir. O Hino Nacional e uma excelente oportunidade de ensinar nossos alunos a colocacao das frases em ordem direta ou inversa nos textos literarios. Amo esse Hino e sei de cor desde a que era crianca e olhe que faz muito tempo e todos de minha familia sabem cantar de cor tambem.Sempre usei o Hino Nacional em varias aulas para explicar seu conteudo. Eu incluia tambem a Introducao e me orgulho muito disso.

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